BA tem crescimento de 91,75% de casos de Covid-19 em comparação aos 10 primeiros dias de novembro

Comparação é feita com os últimos dez dias; de um período para o outro, houve aumento de 11.730 registros. Dados refletem em Salvador, interior da Bahia, e governador reiterou proibição de festas de
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Publicado em 04/12/2020 às 10h05min - Autor: Redação

 Nos últimos 10 dias, a Bahia teve um crescimento de 91,75% de casos de  Covid-19, em comparação com os 10 primeiros dias do mês de novembro. Os  dados analisados pelo G1 foram disponibilizados no boletim diário da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab). 

    

   

 De 1ª a 10 de novembro, foram 12.784 casos registrados, enquanto entre 23 de novembro e 2 dezembro foram 24.514 infectados: um aumento de 11.730 registros de um período para o outro. Veja os dados completos na tabela abaixo. 

   

 Esse crescimento está diretamente ligado às reaberturas de comércio e  às aglomerações provocadas pelas eleições, que ajudam a proliferar o  coronavírus de uma forma mais rápida, como explica o médico  infectologista Adriano Oliveira. 

   

 “Não dá para dizer que esse aumento foi causa exclusivamente pela  eleição, mas a eleição tem um peso nisso, sem dúvidas. O pico tem a ver  também com a reaberura econômica, mas as eleições, pelo fato de te  promovido toda aquela aglomeração de pessoas, frequentemente sem devido  cuidado e isolamento, aquilo tudo que a gente já conhece, certamente  influenciou para que a gente tivesse esse aumento”, explicou ele. 

   

 

     

Evolução dos casos de Covid-19 nos últimos 10 dias na BA

                                      

DataNº de CasosNº de Mortes
23/111.41821
24/111.46520
25/113.12322
26/111.47220
27/111.91922
28/114.20420
29/112.91520
30/111.652 21
1/123.11825
2/123.22822
Total:24.514213

   

Fonte: Sesab

        

 Em Salvador, que é a cidade baiana que registra a maior proporção de  casos confirmados, esse crescimento reflete o do estado. Hoje, a capital  contabiliza 98.940 infectados, desde o início da pandemia. 

   

 Esse número corresponde ao percentual de cerca de 24% dos 409.417 casos  registrados na Bahia, desde março até a quarta-feira (2). No primeiro  período, de 1ª a 10 de dezembro, Salvador teve 1.544 infectados,  chegando ao total de 92.714 casos. 

   

 Já no período de 23 de novembro a 2 de dezembro, foram 3.342  infectados, com a capital baiana chegando aos 98.940 casos atuais.  Comparando os mais de 1,5 mil infectados nos primeiros 10 dias do mês,  com os mais de 3,3 mil nos últimos 10, o crescimento foi de 1.798, um percentual de 116%

   

 Pernambués lidera o ranking dos bairros mais infectados em Salvador há  vários meses. Até esta quinta-feira (3) eram 3.666. Pituba (3.029),  Brotas (2.623), Santa Cruz (2.593) e Itapuã (2.141) seguem logo atrás. 

   

 No caso das mortes por Covid-19, o primeiro período registrou 3 casos a  mais que o segundo, mas o infectologista alerta que esse cenário pode  mudar. 

   

 “Com o número de casos aumentando, o número mortes também pode  aumentar. Sem dúvida, é proporcional”, avaliou Adriano Oliveira. 

   

 

     

Evolução dos casos de Covid-19 nos primeiros 10 dias de novembro na BA

                                      

DataNº de CasosNº de Mortes
1/1188623
2/11533 22
3/11407 23
4/11770 21
5/113.377 20
6/112.006 23
7/111.427 22
8/11583 20
9/11840 22
10/111.955 20
Total12.784216

   

Fonte: Sesab

        

Interior da Bahia

             

 
 Secretário de Saúde da Bahia diz que estado já está na segunda onda da Covid-19
 
 

  

 Secretário de Saúde da Bahia diz que estado já está na segunda onda da Covid-19 

    

 No interior da Bahia, a situação não é diferente. Algumas cidades do  sul e sudoeste do estado preocupam as autoridades de saúde desde o primeiro pico da pandemia. Vitória da Conquista, Itabuna, Ilhéus, Teixeira de Freitas e Porto Seguro também tiveram aumento no número de casos. 

   

 Com 12.024 casos, Vitória da Conquista é a terceira cidade baiana com o  maior número de registros, ficando atrás apenas de Salvador e Feira de  Santana (19.241), que também preocupa as autoridades de saúde. 

   

 Foi em Feira de Santana, inclusive, que um dos hospitais de campanha bateu 100% de ocupação de leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), exclusivos para o coronavírus, ainda no período eleitoral. 

   

 

   

 Outras cidades como Conceição do Jacuípe, São Francisco do Conde, Juazeiro e Santo Antônio de Jesus chegaram a entrar no "radar vermelho" do governo, quando também tiveram um pico de aumento de 95% dos casos. 

   

'2ª onda' e ocupação de leitos

   

 O secretário de Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, disse nesta quinta-feira (3), que os baianos estão vivendo uma segunda onda da Covid-19

   

 "Estamos completando três semanas sucessivas de crescimento progressivo  contínuo do número de casos, portanto é possível falar que nós estamos  já enfrentando uma segunda onda, em um cenário mais grave do que  tentamos na época do início da pandemia. Nossa previsão é que essa  segunda onda dure mais três semanas, e que ela comece a diminuir no  final do ano", disse. 

   

 O crescimento apontado pelo secretário tem impacto direto no aumento do  percentual de ocupação de leitos de UTI por causa da Covid-19. Eunápolis, no sul da Bahia, chegou a registrar 100% de ocupação e colapso no sistema público de saúde no último dia 26. 

   

 No mesmo período, cidades que estavam com médias percentuais de 50%  também chegaram a níveis alarmantes, como Itabuna (82%), Teixeira de  Freitas (80%), Ilhéus (76%) e Porto Seguro (74%). 

   

 A situação preocupou também na região da Chapada Diamantina, porque  Seabra também teve 100% de ocupação e entrou em colapso. Assim como no  sul do estado, cidades do norte também tiveram ocupação expressiva, como  Remanso (90%) e Irecê (80%) 

   

 Atualmente, a taxa média de ocupação de leitos de UTI adulto em todo o  estado da Bahia é de 72%. Um percentual que caiu, depois que os gestores  passaram a reabrir e remobilizar leitos nas cidades, como fez o prefeito ACM Neto, em Salvador

   

 Ainda segundo Fabio Vilas-Boas, o número atual de casos ativos hoje  equivale aproximadamente ao do mês de junho de 2020, quando a Bahia teve  o primeiro pico do coronavírus. 

   

 

   

 "Naquela época, nós tínhamos um revezamento de surto. Nós tínhamos uma  onda que começou na capital e foi avançando para o interior, à medida  que uma região nova ia apresentando caso, a outra ia diminuindo. Nesse  momento nós temos um surto geral, um aumento geral de todas as regiões  do interior da Bahia, com taxas de internação muito superiores ao que  nós observamos no começo do ano", explicou o secretário. 

   

E as festas de fim de ano?

             

 
 Governo baiano irá monitorar anúncios de festas clandestinas de fim de ano
 
 

  

 Governo baiano irá monitorar anúncios de festas clandestinas de fim de ano 

    

 A maior autoridade do estado, o governador Rui Costa, já havia falado  que não haverá festas com aglomeração no natal, ano novo ou em qualquer  outra data no estado, antes da vacina da Covid-19. Essa declaração foi  dada por ele no dia 19 de novembro, em uma rede social. 

   

 "Na Bahia, não haverá festa com aglomeração no Natal, no Réveillon ou  em qualquer outra data comemorativa enquanto não tivermos vacina.  Eventos sem autorização da Vigilância Sanitária poderão ser cancelados  com prejuízo aos envolvidos. Vamos trabalhar sem descanso para salvar  vidas", disse o governador na postagem. 

   

 No entanto, várias cidades seguiram e seguem convidando turistas para  comemorar o réveillon, como foi o caso de Porto Seguro, destino  turístico do sul baiano. Dias antes da fala do governador, a cidade  publicou um decreto autorizando as festas. 

   

 

     

  Jânio Natal, prefeito eleito de Porto Seguro — Foto: Reprodução/Redes Sociaishttps://s2.glbimg.com/ViQOFPPpcqDR7OwI1-u8XOVi-WU=/0x0:764x588/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2020/v/S/abxbd2R6iA6tDyrFmnVw/whatsapp-image-2020-12-03-at-14.08.46.jpeg 984w, https://s2.glbimg.com/fl4y4VjbDpptEHkO5BWb_WkCmtY=/0x0:764x588/640x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2020/v/S/abxbd2R6iA6tDyrFmnVw/whatsapp-image-2020-12-03-at-14.08.46.jpeg 640w, https://s2.glbimg.com/uIPW8v-OV-ZLQDi9HPT11I9g9pI=/0x0:764x588/600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2020/v/S/abxbd2R6iA6tDyrFmnVw/whatsapp-image-2020-12-03-at-14.08.46.jpeg 600w">  

 

 Jânio Natal, prefeito eleito de Porto Seguro — Foto: Reprodução/Redes Sociais 

    

 Na quarta-feira (2), a prefeitura voltou atrás e resolveu suspender o  decreto que liberava os festejos. Apesar disso, o prefeito eleito para  governar a cidade a partir de 2021, Jânio Natal, aparece em um vídeo nas  redes sociais dizendo que vai ter festa sim e que ele mesmo vai assinar  o decreto até, no máximo, 0h01 de 1º de janeiro. Depois, a gravação  saiu do ar. 

   

 “A cerimônia de posse, possivelmente será no dia 1º [de janeiro], 0h01.  Vou baixar um decreto, no mesmo dia, deve ser 1h da manhã. A partir de  1h da manhã, que a gente toma posse, todas as casas de eventos estarão  liberadas para fazer o evento”, dizia ele no vídeo. 

   

 Nesta quinta, o governador reiterou que o estado não vai permitir as  festas e que a Polícia Militar vai agir para prevenir e coibir. Rui Costa pediu que as secretarias façam um levantamento das festas, para serem notificadas. Veja vídeo acima. 

   

 “Passei hoje para o secretário da Saúde e vou pedir agora ao secretário  de Segurança Pública, que faça um monitoramento das redes sociais, para  qualquer bar, qualquer barraca, qualquer ente comercial que esteja  chamando festa no mês de dezembro e no mês de janeiro, a polícia atue  preventivamente, que faça a notificação desse ente comercial, avisando  que não será permitido e a polícia fará o bloqueio de entrada desses  estabelecimentos", reafirmou ele. 

   

 

   

"Nós  não permitiremos festa nenhuma, em nenhuma quantidade de público. O  limite que está no decreto, de eventos com 200 pessoas, não se refere a  festa. Se referente a evento comercial, religioso, mas não evento  festivo, onde as pessoas vão estar lá consumindo bebida, dançando, todo  mundo junto, isso não será permitido”, disse Rui Costa.

   

 A medida tomada pelo governador é preventiva, para evitar mais um pico  de casos de Covid-19 na Bahia. O médico infectologista Adriano Oliveira  disse que esse é o melhor caminho. 

   

 “A gente precisa evitar a aglomeração. O segredo é não ter aglomeração.  Parafraseando Beto Guedes: ‘Só nos resta aprender’. A gente não pode  ter aglomeração. Se o povo fizer aglomeração, vai piorar o número de  casos. E o que a gente avalia é que haja um novo pico de crescimento em  janeiro”, conclui. 


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