'Estou num país capitalista', diz Bolsonaro ao chegar à China

País comemorou o 70º aniversário da revolução comunista no início do mês. Presidente diz que prioridade da visita é ampliar comércio entre os dois países.
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Publicado em 24/10/2019 às 10h42min - Autor: Eriston Nunes

 O presidente Jair Bolsonaro disse estar em um país capitalista ao chegar nesta quinta-feira (24) à China, que comemorou o 70º aniversário da revolução comunista no início do mês

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 Bolsonaro fez a afirmação ao ser questionado sobre estar em um país  comunista, sistema político reiteradamente criticado pelo presidente.  Durante as eleições, em 2018, ele defendeu "dar um pé no traseiro do socialismo, no comunismo" ao dizer que o Brasil devia se afastar da Venezuela. 

 O presidente não quis falar sobre críticas que fez à China na campanha,  quando disse várias vezes que incentivaria o país asiático a comprar no Brasil, não a comprar o Brasil

 Uma viagem de deputados do PSL – partido do presidente – à China em  janeiro deste ano foi criticada pelo ideólogo Olavo de Carvalho e,  segundo o blog da Andréia Sadi, causou mal-estar no Planalto.  avaliação de ministros ouvidos pelo blog na ocasião era a de que o  grupo estava “deslumbrado” e que a viagem "desgasta" a imagem do  governo. 

 Em março, entretanto, o presidente anunciou que iria à China, a convite  do presidente chinês, Xi Jinping e disse que a relação com o país iria  melhorar. 

 "Nós queremos nos aproximar do mundo tudo, ampliar nossos negócios,  abrir nossas fronteiras, e assim será o nosso governo, essa foi a  diretriz dada a todos os nossos ministros", afirmou durante a  apresentação das credenciais do embaixador da China no Brasil, Yang  Wanming, em março. 

 Do lado chinês, o discurso também mudou. Em novembro de 2018, logo após  a eleição, o jornal estatal chinês, "China Daily", publicou um  editorial em que dizia que Bolsonaro foi "menos que amigável" em relação  à China durante a campanha e advertia sobre o custo do novo presidente  querer ser um "Trump tropical"

 Em março, ao apresentar suas credenciais a Bolsonaro, o embaixador  chinês afirmou a jornalistas que a conversa com o presidente brasileiro  foi “excelente” e destacou o interesse em “ampliar” as relações com a  China. 

 “A conversa foi excelente e, sobretudo, o presidente Bolsonaro  manifestou grande interesse de ampliar a aprofundar a relação com China.  Pessoalmente, como embaixador, me sinto muito satisfeito”, declarou o  embaixador. 

Investimentos no setor energético

 A prioridade da visita é ampliar a relação comercial entre os dois  países, segundo Bolsonaro. A China é o principal parceiro comercial do  Brasil, com US$ 70 bilhões negociados em 2017. 

 Perguntado se ofereceria estatais brasileiras aos chineses, o  presidente indicou que pretende obter investimentos no setor energético –  o plano de privatizações do governo federal prevê a venda da Eletrobras, além de venda de linhas de transmissão e parceria para a conclusão de Angra 3. 

 "O que acontece. Muitos criticam as privatizações. Arrebentaram com as  estatais. Conseguiram quase quebrar uma petroleira. Então, nós estamos  numa situação que não tem mais alternativa. O sistema energético nós não  temos suficiente para investir para que ele não entre em um colapso  brevemente ", afirmou. 

 Bolsonaro deve se encontrar com o presidente chinês, Xi Jinping, na  sexta-feira (25). Xi é secretário-geral do Partido Comunista Chinês. 

 A visita à China é parte de um périplo do presidente por Ásia e Oriente  Médio neste mês. Ele embarcou em 19 de outubro e deve retornar no dia  31. Ele já passou pelo Japão, onde participou da entronização do  imperador Naruhito, está na China e irá para Emirados Árabes, Catar e  Arábia Saudita. 


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