Em entrevista coletiva, o chefe do Executivo baiano rebateu os argumentos do Ministério da Saúde, que colocou a questão como um empecilho, o que não permitiria aprovar as vacinas da Pfizer e da Moderna, por exemplo.
"O argumento de que algumas vacinas não podem ser utilizadas por causa da refrigeração é frágil. A Bahia tem refrigeradores e podemos adquirir mais para vacinar, se não todas as cidades, pelo menos nos grandes centros", declarou o governador.
Mais cedo, o secretário estadual de Saúde, Fábio Vilas-Boas, já havia informado que o governo comprará equipamentos com o objetivo de armazenar tais vacinas. "O governador Rui Costa autorizou a montagem de uma rede de ultrafreezers de -80 °C para que a Bahia esteja preparada para estocar e distribuir a vacina da Pfizer ou da Moderna, ambas sintéticas, de RNA, a mais avançada tecnologia de vacinas do mundo, quando forem aprovadas", escreveu o titular da Sesab, no Twitter.
Recentemente, a secretaria informou ao A TARDE que equipamentos deste tipo "não estão disponíveis na rede de frios do estado e dos municípios" e existem apenas no Lacen e Hemoba.
Segundo o governador, entretanto, a infraestrutura existente permitiria vacinar a população de cidades como Salvador, Feira de Santana, Ilhéus, Itabuna, Juazeiro e Teixeira de Freitas, por exemplo. "Em Buritirama ou Santa Rita de Cássia, é menos provável. Mas não é porque você não conseguiria fazer em todos os lugares que não dá para fazer em nenhum", disse.
Rui ressaltou, porém, que os estados não têm competência para negociar com farmacêuticas cujas vacinas não tenham sido aprovadas ainda pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O governador criticou o órgão e pediu maior celeridade no processo. Para ele, a Anvisa "está quase virando uma agência de vigilância ideológica". "Nenhum estado, nenhum município, pode comprar vacina se não tiver autorização da Anvisa. Se um ente privado, por exemplo, comprar vacina e começar a aplicar sem autorização, estará cometendo um crime. Por isso, não conseguimos entender o comportamento da Anvisa. Parece que está criando obstáculos adicionais. Na minha opinião, o Brasil não deveria escolher uma só vacina. Até porque é a concorrência que eventualmente vai reduzir o preço. Quanto mais você restringe, está contribuindo para aumentar o preço", avaliou.
"Há uma posição dos governadores de que essa aquisição deve ser conduzida pelo governo federal. E muito menos os estados podem analisar a eficácia das vacinas. Vamos ter o constrangimento em breve de ver várias vacinas autorizadas pela União Europeia, pela autoridade americana e o Brasil sequer ter aprovado uma. É questão de dias. Vamos ficar sendo um dos últimos a analisar e eventualmente autorizar. E quem fica atrás na autorização também fica atrás na aquisição", acrescentou.
Pandemia
O chefe do Executivo estadual reafirmou que nenhuma festa de final de ano será autorizada, independentemente da quantidade de público. Segundo o governador, o decreto que autoriza eventos com até 200 pessoas não se aplica a festividades, e sim a reuniões comerciais ou religiosas. O governador disse ainda que pedirá à Secretaria de Segurança Pública que monitore e notifique estabelecimentos, como bares e barracas, que estejam comercializando ingressos para festas de fim de ano. A polícia poderá atuar, inclusive, para impedir a entrada de pessoas nesses espaços, completou.
"É melhor segurar a festa do que ter que fechar estabelecimentos que geram emprego e renda para a população. Acho que a gente suporta ficar um verão sem festa. Chamo a atenção para as pessoas não comprarem [ingressos], porque vão perder o dinheiro", declarou.
Sobre o cenário da pandemia no estado, Rui fez coro ao que tem dito Vilas-Boas. "O volume ainda não nos permite afirmar que temos uma segunda onda, mas o ritmo de crescimento permite afirmar que, em 10 dias, se não revertermos, teremos a maior onda que a Bahia já viveu. O vírus está disseminado no estado inteiro. Lá atrás, apenas 150 municípios tinham Covid, que foi lentamente chegando às cidades. Agora, já existe em todas as cidades e está em crescimento acelerado", disse.